quinta-feira, 28 de abril de 2011

Calendário – Origem dos nomes dos meses do ano

Nosso calendário é regido por deuses, imperadores e números romanos. Entenda como chegamos ao calendário atual



Antes de Roma ser fundada, as colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas, que dividiam o ano em períodos nomeados de acordo com seus deuses. Os romanos adaptaram essa estrutura. De acordo com alguns pensadores, como Plutarco, no princípio dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius (atual março). Os outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma, que governou por volta de 700 a.C.

Os romanos não davam nome apenas para os meses, mas também para alguns dias especiais. O primeiro de cada mês se chamava Calendae e significava "dia de pagar as contas" - daí a origem da palavra calendário, "livro de contas". Idus marcava o meio do mês, e Nonae correspondia ao nono dia antes de Idus. E essa era apenas uma das diversas confusões da folhinha romana.


Até Júlio César reformar o calendário local, os meses eram lunares (sincronizados com o movimento da lua, como hoje acontece em países muçulmanos), mas as festas em homenagem aos deuses permaneciam designadas pelas estações. O descompasso, de dez dias por ano, fazia com que, em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris, tivesse que ser enxertado.

Júlio César, busto no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles

Com a ajuda de matemáticos do Egito emprestados por Cleópatra, Júlio César acabou com a bagunça ao estabelecer o seguinte calendário solar: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December. Quase igual ao nosso, com as diferenças de que Quinctilis e Sextilis deram origem aos meses de julho e agosto. Quando e como isso aconteceu, você descobre lendo o quadro abaixo.




Folhinha milenar


Divisão do ano é basicamente a mesma há 20 séculos

Janeiro
Januarius era uma homenagem ao deus Jano, o senhor dos solstícios, encarregado de iniciar o inverno e o verão. Seu nome vem daí: ianitor quer dizer porteiro, aquele que comanda as portas dos ciclos de tempo.

Fevereiro
O nome se referia a um rito de purificação, que em latim se chamava februa. Logo, Februarius era o mês de realizar essa cerimônia. Nesse período, os romanos faziam oferendas e sacrifícios de animais aos deuses do panteão, para que a primavera vindoura trouxesse bonança.

Por que 28 dias?

Até 27 a.C., fevereiro tinha 29 dias. Quando o Senado criou o mês de agosto para homenagear Augusto, surgiu um problema: julho, o mês de Júlio César, tinha 31 dias, e o do imperador, só 30. Então o Senado tirou mais um dia de fevereiro.

Março
Dedicado a Marte, o deus da guerra. A homenagem, porém, tinha outra motivação, bem menos beligerante. Como Marte também regia a geração da vida, Martius era o mês da semeadura nos campos.

Abril
Pode ter surgido para celebrar a deusa do amor, Vênus. No primeiro dia do mês, as mulheres dançavam com coroas de flores. Outra hipótese é a de que Aprilis tenha se originado de aperio, "abrir" em latim. Seria a época do desabrochar da primavera.

Maio
Homenagem a Maia, uma das deusas da primavera. Seu filho era o deus Mercúrio, pai da medicina e das ciências ocultas. Por esse motivo, segundo escreveu Ovídio na obra Fastos, Maius era chamado de "o mês do conhecimento".

Junho
Faz alusão a Juno, a esposa de Júpiter. Se havia uma entidade poderosa no panteão romano, era ela, a guardiã do casamento e do bem-estar de todas as mulheres.

Julho
Chamava-se Quinctilis e era simplesmente o nome do quinto mês do antigo calendário romano. Até que, em 44 a.C. o Senado romano mudou o nome para Julius, em homenagem a Júlio César.

Agosto
Antes era Sextilis, "o sexto mês". De acordo com o historiador Suetônio, o nome Augustus foi adotado em 27 a.C., em homenagem ao primeiro imperador romano, César Augusto.

Setembro a dezembro
Para os últimos quatro meses do ano, a explicação é simples: setembro vem de Septem, que em latim significa "sete". Era, portanto, o sétimo mês do calendário antigo. A mesma lógica se repete até o fim do ano. Outubro veio de October (oitavo mês, de octo), novembro de November (nono mês, de novem, e data do Ludi Plebeii, um festival em homenagem a Júpiter) e dezembro de December (décimo mês, de decem).

E o ano bissexto?


Dia extra a cada quatro anos corrige distorção


Papa Gregório XIII
Ao adotar o calendário solar, em 44 a.C., Júlio César criou o ano de 365 dias e um quarto. Por causa dessa diferença, a cada quatro anos era necessário atualizar as horas acumuladas com um dia extra. O problema do calendário juliano é que, na verdade, um ano tem 11 minutos e 14 segundos a menos do que se estimava. Por isso, em 1582, o papa Gregório XIII (1502-1585) anulou dez dias do calendário e determinou que, dos anos terminados em 00, só seriam bissextos os divisíveis por 400. E o nome "bissexto" tem uma explicação curiosa: em Roma, celebrava-se o dia extra no sexto dia de março, que era contado duas vezes.




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Fonte: Revista Aventuras na História

                                                                                                        Leandro Matos

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ilusão de Ótica

Ilusão de ótica são imagens que enganam nosso cérebro deixando nosso inconsciente confuso por alguns instantes fazendo com que este capte idéias falsas e preencha espaços vazios. Podem ser fisiológicas quando surgem naturalmente ou cognitivas quando criadas com artifícios visuais. Há muito tempo que se sabe que a percepção imediata não é a realidade física.

A ilusão de ótica mais famosa foi revelada e criada em 1915 pelo cartunista W. E. Hill. É uma figura onde podemos ver duas imagens, de uma garota de perfil olhando para longe e também o rosto de uma velha olhando para o chão.


Tipos de ilusão de Ótica:


Ilusões de Ótica Ambíguas - Contém mais de uma cena na mesma imagem – embora a imagem em sua retina permaneça constante, você nunca vê uma mistura estranha das duas percepções sempre é uma ou a outra.


Ilusões de Ótica Escondidas - São imagens que a primeira vista não apresentam nenhum significado, mas depois de observar você irá se surpreender.


Ilusões de Ótica Impossíveis - Sensacionais imagens que inexplicavelmente parecem normais, mais se repararmos bem, são impossíveis.


Ilusões de Ótica Pós-efeito - Imagens que depois de visualizadas revelam novas cenas.


Se ficou curioso em ver como são esses tipos de ilusões, no site Ilusoes.com.br existem vários exemplos dos diferentes tipos de ilusões de ótica.

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Eu separei aqui algumas ilusões de ótica que achei interessantes. Confira:

Curvas falsas


A ilusão: as retas parecem curvas
A realidade: elas são tão retas quanto as de um tabuleiro de xadrez

Enjôo


A ilusão: os grãos ondulam
A realidade: as diferenças entre luz e sombra criam movimentos microscópicos nos seus olhos. E os grãos parecem se mexer.

Primavera

A ilusão: as flores desabrocham
A realidade: o padrão de cores de cada flor estimula as áreas do cérebro responsáveis por detectar movimento.

Roda e avisa

A ilusão: as rodas giram
A realidade: seu cérebro está sendo enganado: a repetição de padrões assimétricos e curvos emulam a forma como percebemos uma roda em movimento. Fazendo com que o cérebro realmente ache que elas estão se mexendo.

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Fontes: Brasil Escola e Ilusoes.com.br

                                                                                                       Leandro Matos

domingo, 24 de abril de 2011

Asfalto que absorve água da chuva para evitar enchentes

 
As áreas de várzea dos rios foram assoreadas, o volume das chuvas aumentou e as enchentes estão cada vez mais comuns em todos os cantos do Brasil e do mundo. Quem criou o problema fomos nós e nada mais justo do que encontrarmos uma solução para, pelo menos, minimizá-lo. Foi o que fez o pesquisador José Rodolpho Martins e sua equipe, ao desenvolver a CPA – Camada Porosa de Asfalto.

A invenção do profissional, que trabalha no Departamento de Hidráulica da USPUniversidade de São Paulo, é simples: um pavimento com pequenos vãos, que não afetam a qualidade do asfalto, capazes de absorver a água da chuva e armazená-la, entre uma camada e outra de pavimento.

Em algumas horas, toda a água da chuva é “chupada” por um sistema de drenagem, instalado no momento da pavimentação, que encaminha o recurso para as galerias pluviais. Assim, a CPA é capaz de evitar ou, ao menos, minimizar as enchentes e, consequentemente, todos os estragos que a acompanham.

A técnica já foi implantada, com sucesso, em um dos estacionamentos da USP, mas possui uma falha, reconhecida pelos próprios pesquisadores: o preço. O custo da instalação da CPA chega a ser 25% maior do que o de um pavimento comum. Mas os benefícios também prometem ser bem maiores. A questão agora é saber se o governo vai se interessar por essa idéia.



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Referência: Pesquisador José Rodolpho Martins


Fontes: Departamento de Hidráulica da USP & Super Interessante

                                                                   Leandro Matos & Carolina Machado

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Primeira Guerra Mundial - A trégua de Natal de 1914

No Natal de 1914, em plena Primeira Guerra Mundial, soldados inimigos deixaram as trincheiras e fizeram uma trégua. Durante seis dias, eles enterraram seus mortos, trocaram presentes e até jogaram futebol

Finalmente parou de chover. A noite está clara, com céu limpo, estrelado, como os soldados não viam há muito tempo. Ao contrário da chuva, porém, o frio segue sem dar trégua. Normal nesta época do ano. O que não seria normal em outros anos é o fedor no ar. Cheiro de morte, que invade as narinas e mexe com a cabeça dos vivos – alemães e britânicos, inimigos, separados por 80, 100 metros no máximo. Entre eles está a “terra de ninguém”, assim chamada porque não se sobreviveria ali muito tempo. Cadáveres de combatentes de ambos os lados compõem a paisagem com cercas de arame farpado, troncos de árvores calcinadas e crateras abertas pelas explosões de granadas. O barulho delas é ensurdecedor, mas no momento não se ouve nada. Nenhuma explosão, nenhum tiro. Nenhum recruta agonizante gritando por socorro ou chamando pela mãe. Nada.

E de repente o silêncio é quebrado. Das trincheiras alemãs, ouve-se alguém cantando. Os companheiros fazem coro e logo há dezenas, talvez centenas de vozes no escuro. Cantam “Stille Nacht, Heilige Nacht”. Atônitos, os britânicos escutam a melodia sem compreender o que diz a letra. Mas nem precisam: mesmo quem jamais a tivesse escutado descobriria que a música fala de paz. Em inglês, ela é conhecida como “Silent Night”; em português, foi batizada de “Noite Feliz”. Quando a música acaba, o silêncio retorna. Por pouco tempo.
“Good, old Fritz!”, gritam os britânicos. Os “Fritz” respondem com “Merry Christmas, Englishmen!”, seguido de palavras num inglês arrastado: “We not shoot, you not shoot!” (“Nós não atiramos, vocês também não”).

Estamos em algum lugar de Flandres, na Bélgica, em 24 de dezembro de 1914. E esta história faz parte de um dos mais surpreendentes e esquecidos capítulos da Primeira Guerra Mundial: as confraternizações entre soldados inimigos no Natal daquele ano. Ao longo de toda a frente ocidental – que se estendia do mar do Norte aos Alpes suíços, cruzando a França –, soldados cessaram fogo e deixaram por alguns dias as diferenças para trás. A paz não havia sido acertada nos gabinetes dos generais; ela surgiu ali mesmo nas trincheiras, de forma espontânea.

Soldados ingleses e alemães juntos em confraternização
 
Conhecido então como Grande Guerra, o conflito estourou após a morte do arquiduque Francisco Ferdinando. Herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, ele e sua esposa Sofia foram assassinados em Sarajevo, na Sérvia, no dia 28 de junho. O atentado, cometido por um estudante, fora tramado por um membro do governo sérvio. Um mês mais tarde, em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia. As nações européias se dividiram. Grã-Bretanha, França e Rússia se aliaram aos sérvios; a Alemanha, aos austro-húngaros. Nas semanas seguintes, os alemães invadiram a Bélgica, que até então se mantivera neutra, e, ainda em agosto, atravessaram a fronteira com a França. Chegaram perto de tomar Paris, mas os franceses os detiveram, em setembro.

Nos primeiros meses, a propaganda militar conseguiu inflar o orgulho dos soldados – de lado a lado. O fervor patriótico crescia paralelamente ao ódio pelos inimigos. Entretanto, em dezembro o moral das tropas já despencara. A guerra se arrastava havia quase um semestre. Os britânicos haviam perdido 160 mil homens até então; Alemanha e França, 300 mil cada. Para piorar, as condições nas trincheiras eram péssimas. O odor beirava o insuportável, devido às latrinas descobertas e aos corpos em decomposição. Estirados pela terra de ninguém, cadáveres atraíam ratazanas aos milhares. Era um verdadeiro banquete. Com tanta carne, elas engordavam tanto que algumas eram confundidas com gatos. Pior que as ratazanas, só os piolhos. Milhões deles, nos cabelos, barbas, uniformes. Em toda parte.

Quando chovia forte, a água batia na altura dos joelhos. Dormia-se em buracos escavados na parede e era comum acordar assustado no meio da noite, por causa das explosões ou de uma ratazana mordiscando seu rosto. Durante o dia, quem levantasse a cabeça sobre o parapeito era um homem morto. Os franco-atiradores estavam sempre à espreita (no final da tarde, praticavam tiro ao alvo no inimigo e, quando acertavam, diziam que era um “beijo de boa-noite”). O soldado entrincheirado passava longos períodos sem ter o que fazer. Horas e horas de tédio sentado no inferno. Só restava esperar e olhar para céu – onde não havia ratazanas nem cadáveres.

A vida nas trincheiras mostra uma das mais terríveis faces da Primeira Guerra Mundial
 
O cotidiano de horrores foi minando a vontade de lutar. Uma semana antes do Natal já havia sinais disso. Foi assim em Armentières, na França, perto da fronteira com a Bélgica. Soldados alemães arremessaram um pacote para a trincheira britânica. Cuidadosamente embalado, trazia um bolo de chocolate e dentro, escondido, um bilhete. Os alemães pediam um cessar-fogo naquela noite, entre 19h30 e 20h30. Era aniversário do capitão deles e queriam surpreendê-lo com uma serenata. O bolo era uma demonstração de boa vontade. Os britânicos concordaram e, na hora da festa inimiga, sentaram no parapeito para apreciar a música. Aplaudidos pelos rivais, os alemães anunciaram o encerramento da serenata – e da trégua – com tiros para cima. Em meio à barbárie, esses pequenos gestos de cordialidade significavam muito.

Ainda assim, era difícil imaginar o que estava por vir. Na noite do dia 24, em Fleurbaix, na França, uma visão deixou os britânicos intrigados: iluminadas por velas, pequenas árvores de Natal enfeitavam as trincheiras inimigas. A surpresa aumentou quando um tenente alemão gritou em inglês perfeito: “Senhores, minha vida está em suas mãos. Estou caminhando na direção de vocês. Algum oficial poderia me encontrar no meio do caminho?” Silêncio. Seria uma armadilha? Ele prosseguiu: “Estou sozinho e desarmado. Trinta de seus homens estão mortos perto das nossas trincheiras. Gostaria de providenciar o enterro”. Dezenas de armas estavam apontadas para ele. Mas, antes que disparassem, um sargento inglês, contrariando ordens, foi ao seu encontro. Após minutos de conversa, combinaram de se reunir no dia seguinte, às 9 horas da manhã.

No dia seguinte, 25 de dezembro, ao longo de toda a frente ocidental, soldados armados apenas com pás escalaram suas trincheiras e encontraram os inimigos no meio da terra de ninguém. Era hora de enterrar os companheiros, mostrar respeito por eles – ainda que a morte ali fosse um acontecimento banal. O capelão escocês J. Esslemont Adams organizou um funeral coletivo para mais de 100 vítimas. Os corpos foram divididos por nacionalidade, mas a separação acabou aí: na hora de cavar, todos se ajudaram. O capelão abriu a cerimônia recitando o salmo 23. “O senhor é meu pastor, nada me faltará”, disse. Depois, um soldado alemão, ex-seminarista, repetiu tudo em seu idioma. No fim, acompanhado pelos soldados dos dois países, Adams rezou o pai-nosso. Outros enterros semelhantes foram realizados naquele dia, mas o de Fleurbaix foi o maior de todos.

Soldados britânicos e alemães confraternizam na Terra de Ninguém
 
Aquela situação por si só já era inusitada: alemães e britânicos cavando e rezando juntos. Mas o que se viu depois foi um desfile de cenas surreais. Em Wez Macquart, França, um britânico cortava os cabelos de qualquer um – aliado ou inimigo – em troca de alguns cigarros. Em Neuve Chapelle, também na França, os soldados indicavam discretamente para seus novos amigos a localização das minas subterrâneas. Em Pervize, na Bélgica, homens que na véspera tentavam se matar agora trocavam presentes: tabaco, vinho, carne enlatada, sabonete. Uns disputavam corridas de bicicleta, outros caçavam coelhos. Uma luta de boxe entre um escocês e um alemão foi interrompida antes que os dois se matassem. Alguém sugeriu um duelo de pistolas entre um alemão e um inglês, mas a idéia foi rechaçada – afinal, aquilo era um cessar-fogo.

Alguns soldados relataram os acontecimentos em diários. Edward Hulse, um tenente dos Scots Guards, com 25 anos de idade, escreveu no diário de guerra do seu batalhão: "Nós iniciamos conversações com os alemães, que estavam ansiosos para conseguir um armistício durante o Natal. Um batedor chamado F. Murker foi ao encontro de uma patrulha alemã e recebeu uma garrafa de uísque e alguns cigarros e uma mensagem foi enviada por ele, dizendo que se nós não atirássemos neles, eles não atirariam em nós”. Consequentemente, as armas daquele setor ficaram silenciosas aquela noite. Em diversas partes do fronte os soldados trocaram cartas para serem entregues a familiares e amigos que viviam em cidades e vilarejos que estavam em conflito.

Porém, o melhor estava por vir. Nos dias 25 e 26, foram organizadas animadas partidas de futebol. Centenas jogaram bola nos campos de batalha. “Bola” em muitos casos era força de expressão; podia ser apenas um monte de palha amarrado com arame, ou uma lata de conserva vazia. E, no lugar de traves, capacetes, tocos de madeira ou o que estivesse à mão. Foi assim em Wulvergem, na Bélgica, onde o jogo foi só pelo prazer da brincadeira, ninguém prestou atenção no resultado. Mas houve também partidas “sérias”, com direito a juiz e a troca de campo depois do intervalo. Numa delas, que se tornou lendária, os alemães derrotaram os britânicos por 3 a 2, a partida foi encerrada depois que a bola – esta de verdade, feita de couro – furou ao cair no arame farpado.

A maioria das confraternizações se deu nos 50 quilômetros entre Diksmuide (Bélgica) e Neuve Chapelle. Os soldados britânicos e alemães descobriam ter mais em comum entre si que com seus superiores – instalados confortavelmente bem longe da frente de batalha. O medo da morte e a saudade de casa eram compartilhados por todos. Já franceses e belgas eram menos afeitos a tomar parte no clima festivo. Seus países haviam sido invadidos (no caso da Bélgica, 90 por cento de seu território estava ocupado), para eles era mais difícil apertar a mão do inimigo.

Soldado inglês e soldado alemão na trégua de Natal
 
Em Wijtschate, na Bélgica, uma pessoa em particular também ficou muito irritada com a situação. Lutando ao lado dos alemães, o jovem cabo austríaco Adolf Hitler queixava-se do fato de seus companheiros cantarem com os britânicos, em vez de atirarem neles.

Naquele tempo, Hitler ainda não apitava nada. Entretanto, os homens que davam as cartas também não estavam nem um pouco felizes. Dos quartéis-generais, os senhores da guerra mandaram ordens contra qualquer tipo de confraternização. Quem desrespeitasse se arriscava a ir à corte marcial. A ameaça fez os soldados voltarem para as trincheiras. Durante os dias seguintes, muitos ainda se recusavam a matar os adversários. Para manter as aparências, continuavam atirando, mas sempre longe do alvo. Na noite do dia 31, em La Boutillerie, na França, o fuzileiro britânico W.A. Quinton e mais dois homens transportavam sua metralhadora para um novo local, quando de repente ouviram disparos da trincheira alemã. Os três se jogaram no chão, até perceberem que os tiros eram para o alto: os alemães comemoravam a virada do ano.


Reação oficial e do público

Sir John French
As reações à trégua de Natal vindas de várias fontes vieram em várias formas. Os Governos aliados e o alto-comando militar reagiram com indignação (principalmente entre os franceses). O Comandante-em-chefe britânico, Sir John French, possivelmente tinha previsto a suspensão das hostilidades no Natal quando emitiu uma ordem antecipada alertando suas forças para um provável aumento da atividade alemã durante o Natal: ele, portanto, instruiu seus homens para redobrar o estado de alerta durante esta época.

Após a trégua ele escreveu severamente: "Eu emiti ordens imediatas para prevenir qualquer recorrência deste tipo de conduta e convoquei os comandantes locais para prestarem contas, o que resultou em punições severas". A igreja Católica, através do Papa Benedito XV, tinha solicitado anteriormente uma interrupção temporária das hostilidades para a celebração do Natal. Embora o Governo alemão tenha indicado sua concordância, os aliados rapidamente discordaram: a guerra tinha que continuar, mesmo durante o Natal.

Quase imediatamente à trégua, as mensagens enviadas chegaram para os familiares e amigos daqueles servindo no fronte através do método usual: cartas para casa. Estas cartas foram rapidamente utilizadas por jornais locais e nacionais (incluindo alguns na Alemanha) e impressas regularmente.


Sir Horace Smith-Dorrien

 Sir Horace Smith-Dorrien, o Comandante do II Corpo britânico na época, reagiu com uma simples instrução: "O Comandante do Corpo, portanto, ordena aos Comandantes de Divisão para incutirem em todos os seus comandantes subordinados a absoluta necessidade de encorajarem o espírito ofensivo das tropas, enquanto estiverem na defensiva, por todos os meios à sua disposição. Relações amistosas com o inimigo, armistícios não oficiais e a troca de tabaco e outros confortos, não importa o quão tentadores e ocasionalmente agradáveis possam ser, estão absolutamente proibidos".

A visão do soldado no fronte

Nas cartas para casa, os soldados na linha de frente foram praticamente unânimes em expressar seu espanto com os eventos do Natal de 1914.

Um alemão escreveu: "aquele foi um dia de paz na guerra; é uma pena que não tenha sido a paz definitiva".

O Cabo John Ferguson contou como a trégua foi conduzida no seu setor: "Nós apertamos as mãos, desejando Feliz Natal e logo estávamos conversando como se nos conhecêssemos há vários anos. Nós estávamos em frente às suas cercas de arame e rodeados de alemães – ‘Fritz’ e eu no centro, conversando e ele, ocasionalmente traduzindo para seus amigos o que eu estava dizendo. Nós permanecemos dentro do círculo como oradores de rua. Logo, a maioria da nossa companhia (Companhia ‘A’), ouvindo que eu e alguns outros havíamos ido, nos seguiu... Que visão – pequenos grupos de alemães e ingleses se extendendo por quase toda a extensão de nossa frente! Tarde da noite nós podíamos ouvir risadas e ver fósforos acesos, um alemão acendendo um cigarro para um escocês e vice-versa, trocando cigarros e souvenires. Quando eles não podiam falar a língua, eles tentavam se fazer entender através de gestos e todos pareciam se entender muito bem. Nós estávamos rindo e conversando com homens que só umas poucas horas antes estávamos tentando matar!"


Soldado alemão em trincheira britânica


Uma vez e somente uma

No entanto, a reação foi tão grande que precauções especiais foram tomadas durante os Natais de 1915, 1916 e 1917, os bombardeios de artilharia foram aumentados e aconteciam intensamente nesta época para evitar uma nova trégua. Os eventos do final de Dezembro de 1914 nunca mais foram repetidos.

Investigações foram conduzidas para determinar se a trégua não oficial foi de alguma maneira organizada de antemão; o resultado da apuração foi negativo. Aquilo foi um evento genuinamente espontâneo, que ocorreu em alguns setores mas não em outros.

Embora a história dos conflitos inclua numerosos exemplos de gestos generosos entre inimigos, a trégua de Natal no Fronte Oeste foi talvez o mais espetacular e, certamente, o mais renomado de seu tipo.

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Fontes: Revista Aventuras na História, site Grandes Guerras, Brasil Escola e site First World War


                                                                                                      Leandro Matos

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tratamentos psiquiátricos bizarros que caíram em desuso

Até que se entendessem as doenças mentais, muita coisa absurda já foi feita para dar um jeito nos loucos. De choque térmico por infecção pelo protozoário da malária  a perfurações no crânio (ambos tendo rendido o Prêmio Nobel a seus criadores), veja uma lista com alguns desses “tratamentos” bizarros já usados para curar males psiquiátricos.


Infecção por Malária

Julius Wagner
Estamos nos anos 30 e a sífilis, incurável nessa época, é a maior causa de demência no mundo. Ninguém sabe o que fazer com tanta gente paranóica, violenta e incontrolável nos manicômios. Mas aí o médico austríaco Julius Wagner von Jauregg observou que, quando essas pessoas contraíam alguma doença que provocasse episódios de febre alta e convulsão, a loucura ia embora. O que o doutor Julius fez, então? É. Ele colocou o sangue contaminado de um soldado com malária em nove pacientes com paresia crônica, a demência que ocorre em um estágio avançado da sífilis, para que elas contraíssem febre alta e tivessem convulsões. O resultado foi impressionante e até lhe rendeu um Premio Nobel em 1927: ele conseguiu recuperação completa em quatro desses pacientes e uma melhora em mais dois. “Parece absurdo dar o Prêmio Nobel a alguém que infectava os pacientes com a malária, mas o desespero na época era muito grande”, diz Renato Sabbatini, neurocientista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Esse tratamento, obviamente, era muito perigoso (você melhorava da loucura, mas ganhava a malária de presente) e deixou de ser usado nos anos 60, com a descoberta de antibióticos e medicamentos próprios para problemas mentais.

Mosquito Anopheles, transmissor da malária


Terapia por choque insulínico

Manfred Sakel
Em 1927, o neurologista e psiquiatra polonês Manfred Sakel exagerou na dose de insulina que aplicou em uma paciente diabética e ela entrou em coma. Mas o que poderia ter sido um desastre virou uma bela descoberta: a mulher tinha psicose maníaco-depressiva e obteve uma notável recuperação de suas faculdades mentais. Então Sakel descobriu que o tratamento era eficaz para pacientes com vários tipos de psicoses, particularmente a esquizofrenia. “Esta foi uma das mais importantes contribuições jamais feitas pela psiquiatria”, diz Sabbatini. A técnica passou a ser usada em todo o mundo, mas o entusiasmo inicial diminuiu depois que estudos mostraram que a melhora era, na maioria das vezes, temporária. Sem contar, é claro, que era extremamente perigoso. Assim, esse tratamento também caiu em desuso após a descoberta de medicamentos mais adequados.


Trepanação


Achados arqueológicos mostram que a trepanação, cirurgia em que era aberto um buraco (geralmente de 2,5 cm a 3,5 cm de diâmetro) no crânio das pessoas, já era feita em várias partes do mundo 40 mil anos atrás. A cirurgia era realizada em rituais religiosos para liberar a pessoa de demônios e espíritos ruins – quando, na verdade, ela era vítima de doenças mentais. Até hoje é realizada por algumas tribos da África e da Oceania para fins rituais e em alguns centros modernos de neurologia para aliviar a pressão intracraniana em caso de fortes pancadas na cabeça, por exemplo. Mas não só. “Se esse procedimento for feito por algum outro motivo, isso é bizarro e perigoso”, afirma Sabbatini. Mas existem organizações hoje que defendem essa técnica “como forma de facilitar o movimento do sangue pelo cérebro e melhorar as funções cerebrais que são mais importantes do que nunca para se adaptar a um mundo em cada vez mais rápida evolução”. Isso é o que diz o site de um grupo internacional em defesa da trepanação, que defende que qualquer pessoa que deseje melhorar suas funções mentais e sua qualidade de vida deve poder realizar o procedimento.


Lobotomia

Os cirurgiões americanos Walter Freeman e James Watts, que aperfeiçoaram a técnica da lobotomia.

A trepanação deu origem a outro procedimento macabro: a lobotomia, incisão pequena para separar o feixe de fibras do lobo pré-frontal do resto do cérebro. Como isso provoca o desligamento na parte das emoções, pessoas agitadas se acalmavam como se tivessem tomado tranquilizantes. Essa técnica, criada pelo neurologista português Antônio Egas Moniz, foi realizada pela primeira vez em 1935 e também lhe rendeu um Nobel, em 1949. Os resultados foram tão bons, que a lobotomia começou a ser usada em vários países como uma tentativa de reduzir psicose e depressão severa ou comportamento violento em pacientes que não podiam ser tratados com qualquer outro meio (na ocasião, não havia muitos). O problema é que a técnica, que deveria ser o último recurso, passou a ser usada maciçamente nos manicômios para controlar comportamentos indesejáveis – inclusive em crianças agitadas e adolescentes rebeldes. Entre os anos de 1945 e 1956, mais de 50 mil pessoas foram sujeitas a lobotomia no mundo inteiro. E os efeitos colaterais eram horríveis: a pessoa virava um vegetal – sem emoções, apáticas para tudo. Com o aparecimento de drogas efetivas contra ansiedade, depressão e psicoses, nos anos 50, e com a evidência de seu abuso difundido e efeitos colaterais, a lobotomia foi deixando de ser usada.


Mesmerismo

O médico austríaco Franz Anton Mesmer acreditava ser possível aliviar sintomas clínicos e psicológicos passando imãs sobre o corpo de seus pacientes – procedimento conhecido como mesmerismo. Mesmer acreditava que os fluidos do corpo eram magnetizados e que muitas doenças físicas e mentais eram causadas pelo desalinhamento desses fluidos. Ele também achava que era possível obter os mesmos resultados sem os imãs, passando apenas as mãos sobre o corpo do paciente. Ah, o poder da sugestão. Era tudo picaretagem. Ou efeito placebo, para ser mais exato. Esta arte de cura disseminou-se entre outros praticantes no século XVIII e chegou aos Estados Unidos no início do século XIX. Mesmer foi expulso de vários países e cidades porque não conseguiu provar a eficiência do seu método, mas ganhava uma grana dos crédulos. “Em todos os lugares em que ele foi, a comunidade médica o repudiou. Ele pegava madames com doenças psicossomáticas leves, fáceis de tratar com placebo, e baseava o seu prestigio nesse efeito”, completa Sabbatini. O suposto sucesso não dependia das técnicas usadas, mas no seu poder de persuasão. Após muitas críticas, a prática do mesmerismo caiu em desuso no início do século XX.

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Referência: Renato Sabbatini, neurocientista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Fonte: Super Interessante

                                                                                                     Leandro Matos

domingo, 17 de abril de 2011

Analistas encontram arte no interior de microchips

A empresa Chipworks descobriu desenhos e mensagens escondidas no interior de circuitos microscópicos, deixadas pelos projetistas


Além de parte essencial de quase todos os equipamentos eletrônicos, os microchips foram agora descobertos como fonte de diversão entre os engenheiros que os projetam. A Chipworks, empresa que analisa esses chips – raspando-os e olhando no microscópio – encontrou desenhos, ilustrações e até mensagens escondidas nos minúsculos circuitos.

As imagens, publicadas no site da companhia, estão ampliadas cerca de 200 a 500 vezes. Ou seja, é praticamente impossível que os consumidores de produtos que contém os microchips vejam os desenhos.

“A produção em massa destas obras de arte no corpo de Circuitos Integrados passa despercebido pela maioria dos observadores”, escreveu a Chipworks no site. “A existência delas é uma homenagem à engenhosidade e criatividade humanas, surgindo dentro de um processo complexo.”

Confira algumas imagens abaixo:












Caso você tenha se interessado, no site da Chipworks tem muito mais imagens. Confira AQUI

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Fonte: Chipworks

                                   
                                                                                                          Leandro Matos

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Bombas politicamente corretas... ou não!

Depois da indústria automotiva, do transporte de alimentos e dos gases que os bovinos liberam, a neura do aquecimento global atingiu a indústria bélica. Culpa dos explosivos. É que, quando detonados, eles geram gases tóxicos que poluem o meio ambiente.

Para fazer explosivos menos nocivos a natureza, cientistas alemães exploraram um tipo de material que usa como energia o nitrogênio, em vez do carbono, como acontece com o TNT (Trinitrotolueno).

Essas bombas foram batizadas de HBT e G2ZT e o melhor: são mais resistentes e não explodem tão facilmente como as convencionais. E o pior: também destroem mais

Thomas Klapötke, um dos químicos que desenvolveram a bomba, afirmou ao site da NBC que a invenção ainda precisa ser melhorada, porque liberou, durante os testes, gás cianeto – que em grandes quantidades pode ser fatal (como se esse não fosse o propósito da bomba…).

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Créditos: Nina Weingrill

Fontes: NBC & Super Interessante

                                                                                                          Leandro Matos

terça-feira, 12 de abril de 2011

Por que os placebos funcionam?

Tomar um remédio sem saber que ele na verdade é composto apenas por água e açúcar pode sim fazer um paciente se sentir melhor. Mas a pergunta sem resposta ainda é o porquê disso. Estudos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostram que cerca de 30% a 40% de pacientes dizem se sentir melhor após tomarem placebos (medicamentos inertes que apresentam efeitos físicos apenas pela crença do paciente) para casos que variam de depressão a pressão alta ou Parkinson.

Em uma pesquisa recente, médicos do Veterans Affairs Medical Center de Houston realizaram cirurgias nos joelhos de pacientes com artrite. Mas eles também fizeram pequenos cortes nos joelhos de outro grupo de doentes, imitando as incisões da operação real. Após alguns dias, os dois grupos relataram melhoria semelhante em relação à doença.

Outros estudos já mostraram que o cérebro humano pode liberar substâncias químicas que simulam a atividade da morfina, quando o corpo é tratado com analgésicos de mentira. Mas apenas há pouco tempo os cientistas começaram a descobrir mais sobre os mecanismos fisiológicos relacionados ao uso de placebos. Em um teste inovador, o psicólogo da Universidade de Columbia, Tor Wager, e um grupo de colegas aplicaram leves choques nos pulsos de 24 pessoas. Depois, os pesquisadores esfregaram um creme sem fator ativo algum nas cobaias e lhes disseram que continha analgésico. Quando foi realizada a nova bateria de choques, oito das pessoas testadas afirmaram ter sentido menos dor.

A seguir, examinando imagens da atividade cerebral dos pacientes envolvidos no teste, Wager verificou que, quando se sabia que um estímulo doloroso era iminente, era acionada a parte pré-frontal do córtex cerebral - região usada para a elaboração de pensamentos complexos. Quando os cientistas aplicaram o creme-placebo, essa parte do cérebro se ativava ainda mais fortemente, sugerindo que a pessoa pudesse estar antecipando o alívio. E aí, quando o choque era dado novamente, o paciente mostrava atividade decrescente em áreas do cérebro onde há neurônios sensíveis à dor.



As imagens acima, feitas por aparelhos de tomografia e ressonância computadorizados, mostram as áreas em atividade do cérebro quando um paciente sente dor e, depois, quando recebe um analgésico, que, na verdade, é um placebo. Regiões amarelas e vermelhas são "mais quentes", ou seja, indicam atividade celular mais alta. Regiões azuis e pretas mostram atividade reduzida ou não-existente

Os pesquisadores acreditam que um dia esse tipo de experimento vai poder ajudar na criação de novos tratamentos que ativem o cérebro para afetar o corpo. Enquanto isso, os médicos se dividem entre os que acreditam ser uma vergonha realizar falsas cirurgias ou dar remédios de mentira a pacientes e os que questionam o poder da mente sobre o corpo.

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Fontes: Wired e Revista Galileu

                                                                                                        Leandro Matos

domingo, 10 de abril de 2011

Animais "bonitinhos"... ou não!

A natureza está cheia de bichos bonitos. São coelhos, tigres, ursos, pássaros, gatos, cães, girafas, peixes coloridos e filhotes fofos de praticamente qualquer animal para a gente admirar à vontade. Mas, para cada uma dessas gracinhas, há também uma criatura bem menos privilegiada, esteticamente falando, à solta. Sabe como é, para equilibrar a história. Eles estão por todos os lugares: no fundo do mar, nas florestas, nos desertos, em todo canto do globo. E uma coisa é bem certa: cruzar com um deles por aí é garantia de levar um susto nada agradável. Preparado? Acha que aguenta? Respire fundo, porque a bizarrice não é pouca.


TOUPEIRA NARIZ-DE-ESTRELA


Como enxerga mal, essa toupeira, que vive em partes do Canadá e dos Estados Unidos, tem um nariz especial para compensar a quase falta de visão. São 22 minitentáculos rosados, levemente nojentos e hipersensitivos, com a ajuda dos quais ela se guia e encontra comida – no caso, minhocas, lagartas e outros vermes que passam por perto.


MORCEGO NARIZ-DE-TUBO

 
Encontrada em Papua-Nova Guiné, essa espécie de morcego, que mede cerca de 6 cm, tem uma das caras mais estranhas entre os mamíferos. As orelhas amarelas lembram chifres. Os olhos, alaranjados, são pouco simpáticos. Mas o mais bizarro é nariz, em formato tubular. Não adianta amigo, nem o sorrisinho salva.


BLOBFISH

 
Ele é uma gosma nariguda que mais parece um personagem de desenho animado. Tem essa aparência bonita porque seu corpo quase não tem músculos. Por isso, também, ele praticamente só flutua por aí, como uma água-viva.  Onde você encontra um desses? As chances são maiores nas costas da Austrália e da Tasmânia.


TÁRSIO FILIPINO

 
Ele é um dos menores primatas conhecidos: não tem mais de 15 cm de altura e pesa pouco mais de 100 g. Cabe na sua mão. Encontrado principalmente no sudeste das Filipinas, tem sofrido com a extração ilegal de madeira por lá, e corre risco de extinção.


PEIXE-MACHADINHA

 
O nome “machadinha” vem do formato do corpo. Ele vive no fundo dos oceanos, não passa de 12 cm e é completamente inofensivo, a não ser pela carinha bonitinha, é claro.


AIE-AIE

 
O aie-aie parece um morcego, principalmente por causa das orelhas, mas só parece. Na verdade ele é um lêmure nativo de Madagascar, que mede cerca de 30 centímetros. Este animal é perseguido pela população supersticiosa, que acha que o bicho traz má sorte (por que será?).


PEIXE-MORCEGO DE LÁBIOS VERMELHOS

 
A característica mais marcante desse peixe é que ele parece ter exagerado no batom. Isso sem falar no corpo achatado e no nariz, bem exótico. E a descrição fica ainda mais bizarra: ele, apesar de ser um peixe, nada mal. Então, usa suas nadadeiras para “andar” no chão do oceano. A espécie é encontrada nos Galapagos, em geral, a mais de 30 m de profundidade.


AXOLOTE

 
É uma espécie de salamandra, supersimpática, típica do México. Sorridente, com pele rosada e cerca de 20 cm, certamente faria sucesso como personagem de um filme infantil. O “penteado” exótico, de guelras avermelhadas que lembram penas, ajuda a compor o visual. A parte não-fofa: ele é considerado iguaria em algumas partes do país.

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Créditos: Thiago Perin (Super Interessante)
                                                                                                        Leandro Matos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Câncer, aspectos gerais

“Câncer” é uma palavra de origem latina que significa caranguejo. Isso se deve ao fato de que o câncer apresenta projeções que atacam células vizinhas e essas projeções se assemelham aos tentáculos desse animal. Assim, apresenta-se diferente do tumor benigno, que é compacto, bem delimitado.

Suas causas são variadas e, muitas vezes, seu surgimento está relacionado a mais de um fator. A exposição desprotegida e excessiva ao Sol, à radioatividade e a determinados produtos químicos (arsênico, amianto, níquel, benzeno, formaldeído, etc.); infecção por alguns vírus, como o HPV; além de alimentação inadequada, ingestão exagerada de bebidas alcoólicas e o hábito de fumar são exemplos de causas ambientais. Além disso, a própria velhice e a predisposição genética são outros fatores de risco.

O câncer é formado por células defeituosas, de crescimento rápido e desordenado e pode se espalhar para outras regiões do corpo (metástase). Assim, sua remoção completa tende a ser difícil, ou mesmo impossível, dependendo da região acometida, sendo claro o porquê de também ser chamado de tumor maligno.

Tumores benignos são constituídos por células bem semelhantes às que os originaram. Isso não acontece no caso dos tumores malignos, uma vez que infiltram outros tecidos e possuem alto índice de duplicação celular. Esse fato permite com que alguns cânceres possuam a capacidade de produzir antígenos.


Células cancerígenas no pulmão


As metástases ocorrem quando células cancerosas se desprendem do tumor e, ao alcançarem vasos sanguíneos ou linfáticos, acabam se disseminando para outras regiões do organismo. Felizmente, não são todos os cânceres que manifestam esse problema e, quando este ocorre, a rapidez com que isso acontece é bem variável, de indivíduo para indivíduo.

Como células cancerosas são menos especializadas que as que habitam normalmente a região invadida, as funções do organismo tendem a se comprometer. Além disso, o câncer pode liberar substâncias que aceleram o processo de comprometimento das células sadias. Por este motivo é que muitas pessoas acometidas se apresentam bastante debilitadas.

O tratamento para esse problema depende da região, tamanho do tumor, grau de comprometimento e condições de saúde do paciente. Cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia biológica, hormonioterapia, transplante de medula óssea e terapia gênica são alguns dos tratamentos, que podem ser feitos isoladamente ou em conjunto.

O câncer pode ser curado, principalmente se o tratamento for iniciado precocemente. Por isso, é importante fazer exames preventivos, como papanicolau, mamografia e exame de próstata; fazer check-ups periodicamente; e visitar o médico ao perceber alguma alteração no organismo.

Existem mais de 100 tipos de câncer, variando quanto ao tipo de tecido e região acometidos. Oncologia é o nome da ciência responsável pelo seu estudo.

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Créditos: Mariana Araguaia, Graduada em Biologia

Fonte:  Brasil Escola



                                                                                                          Leandro Matos 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Avião construído apenas com sucata

Algumas aeronaves comerciais utilizadas no Brasil até que se parecem muito com sucatas, pelo péssimo estado de conservação e falta de manutenção. Mas nesse caso é diferente. Em tempos em que o termo “Sustentabilidade” está em alta, um queniano chamado Gabriel Nderitu, decidiu construir um avião feito inteiramente de sucata. Nderitu se inspirou no 14 Bis, de Santos Dumont, para fazer seu avião.

A hélice da aeronave foi feita com madeira reutilizada, enquanto o restante do avião foi construído com alumínio de 2ª mão. O motor foi retirado de um velho Toyota. Nderitu demorou cerca de um ano para terminar sua “obra-prima”, que no momento, está estacionada no quintal de sua casa. Mas o que mais impressiona a todos é o fato de que o queniano não possui nenhuma experiência em engenharia aeronáutica.

Gabriel Nderitu sempre trabalhou com tecnologia da informação, e para construir seu “sucatão”, pesquisou em livros e na internet tudo o que podia a respeito de construção de aeronaves. Após algum tempo de pesquisa ele decidiu colocar a idéia em prática e, com a ajuda de cinco amigos, construiu seu “14 Bis de Lixo”.

O avião está pronto, mas será que ele é capaz de voar? Nderitu prometeu fazer o teste em breve, mesmo sem ter realizado nenhuma avaliação de segurança. E aí, alguém se habilita a ir com ele nesse teste?

Imagem: Reprodução/Citizen                                                                                                                

...Update (12/04/2011)


Segui aí um vídeo falando sobre esse avião e mostrando a primeira tentativa de se realizar um vôo.



                                                                                                      Leandro Matos
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