Descoberta nos anos 80, a AIDS já agia na África no começo do século 20
O ano é 1900. Um homem com ferimentos abertos pela vegetação da selva da África procura sua caça no sudeste de Camarões. Sem dificuldades, encontra e captura um chimpanzé. Enquanto tenta escapar, o animal morde o agressor. O caçador abate o primata com uma faca, joga a presa ensanguentada sobre os ombros, também cheios de feridas, e segue seu caminho. Ele nem imagina, mas é uma das pessoas que carregam no sangue as primeiras infecções do SIV, o vírus da imunodeficiência dos símios. A variação desse organismo em humanos, o HIV, provocaria a doença que se chamaria AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e desencadearia uma verdadeira epidemia. Muito antes de ser descoberto, há quase 30 anos, o vírus passaria várias décadas provocando mortes sem causa definida. Hoje alguns passos dessa trajetória são conhecidos.Nos primeiros anos do século 20, macacos contaminados eram carregados por comerciantes que desciam o rio Sangua, afluente do rio Congo, até a feira de Leopoldville (atual Kinshasa, na República do Congo). Ali, os comerciantes contaminados pelas primeiras mutações do SIV em HIV gastavam seu dinheiro com as prostitutas locais. "Assim, o vírus do chimpanzé, já presente no sangue de humanos, ganhou a capacidade de atingir outras pessoas pela relação sexual", diz o médico infectologista Stefan Cunha Ujvari, autor de A História da Humanidade Contada pelos Vírus. "A prostituição e os estupros durante as guerras de independência na África espalharam a doença, que ao longo do tempo foi confundida com muitas outras, como pneumonia e anemia profunda."
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Chimpanzé (subespécie Pan troglodytes troglodytes), responsável pela transmissão do vírus HIV-1 para o ser humano. |
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune. Todos estes fatos convergiram para a inferência de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível.
Desde que foi identificada, a AIDS deixou cerca de 25 milhões de vítimas fatais. Atualmente, existem aproximadamente 35 milhões de portadores, mas a situação já é muito mais promissora. Ainda que a cura não tenha sido encontrada, a combinação de medicamentos descobertos nos últimos anos permite que o paciente tenha uma vida mais confortável.
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Referência: Pesquisas da Dr. Beatrice H. Hahn
Fontes: Revistas Época, Aventuras na História e site Brasil Escola
Leandro Matos & Carolina Machado